Talvez este seja o post mais inútil de todos os posts que foram e serão escritos. Mas acho válido escrever como se deu meu envolvimento com a Magia.
Nunca fui muito de ir à igreja. Quando pequena, várias vezes comecei a Catequese mas nunca ia com afinco. A culpa maior não era minha e sim de minha família, que se diz católica, mas raramente vão à missa.
Minha mãe dizia que sempre gostou de Bruxaria, mas na verdade seu envolvimento foi com Espiritismo, Allan Kardec e Candomblé. Atualmente, ela não tem qualquer crença e deixou quaisquer destas coisas para atrás há anos. Nem acredita em Deus mais.
Fui batizada no Catolicismo tarde, ao sete anos de idade. Mas fui batizada no Candomblé (eu acho) por volta dos cinco anos, graças a minha mãe, e que na época namorava um homem que era espírita.
Embora eu tenha um certo envolvimento com o Espiritismo, isso nunca me atraiu. Isso só aconteceu por causa de minha mãe, e não foi uma opção minha. Minha relação com a Arte é totalmente espontânea, sem haver qualquer pessoa que tenha me empurrado para isso. Esta foi minha verdadeira opção. Minha mãe achava que esse meu interesse era devido ao meu primeiro batismo, sendo Oxóssi meu padrinho espiritual. Não dou a mínima para isso, realmente não me interessa. E muito menos penso que esse meu gosto pela Arte seja uma certa influência de meu padrinho.
Eu nunca vi as bruxas da maneira que a maioria via. A maioria dizia que bruxas não existem quando era mais nova. Quando assisti o filme "Abracadabra" pela primeira vez, me apaixonei. Eu devia ter uns nove anos de idade. Então, comecei a perturbar minha família com esse filme, até que minha mãe finalmente comprou-mo. A alegria foi imensa. Eu passei assisti-lo pelo menos três vezes ao dia, quase todos os dias. Embora no filme as bruxas eram ruins, eu adorava-as. Na verdade, não havia um único personagem que eu não gostasse. Eu queria imitar os gestos delas e já sabia de cor suas falas. Achava que era capaz de lançar os encantamentos que elas faziam, como aquele que Sara lança aos cantar para atrair as crianças. Obs.: Atualmente, quando vejo este filme, vejo algumas verdades um pouco distorcidas. Um exemplo é o uso do sal que no filme é usado na criação do círculo de proteção, mas é errado que isso afaste as bruxas. Afinal de contas, as bruxas de verdade quase sempre utilizam o círculo de proteção com sal.
Depois disso, eu comecei com horóscopo. E é muito normal as garotas gostarem de horóscopo e Astrologia. Eu recortava tudo que eu via nas revistas sobre o assunto ou qualquer coisa sobre Feng Shui ou Magia. E foi aí que percebi que estava apaixonada. Acredito que foi assim que ouvi o "Chamado da Deusa". Meu conhecimento sobre o assunto era pouquíssimo, mas me sentia realmente amando, mesmo sem saber onde eu pisaria. Em perfeito amor e em perfeita confiança.
Quando percebi isto, eu sabia que ser bruxa era o que eu queria. Na verdade, foi até antes de eu perceber realmente. Eu tinha 11 anos quando decidi que seria uma bruxa. Depois desta minha decisão, eu passei a me apresentar dizendo que eu queria ser bruxa. Foi um grande erro meu, mas eu era ingênua e não conhecia os perigos. Não muito depois, eu pedi para minha mãe comprar um livro sobre Magia. Ela comprou apesar do preço. "O Livro de Ouro das Ciências Ocultas" foi o meu primeiro livro.
Engraçado que quando comecei, chegou aos meus ouvidos que havia três tipos de Magia e passei a acreditar. A branca, nível inicial, só mexia com a Natureza e seus Elementos, a cinza, nível intermediário, já começava a ter manipulação de animais, e a negra, nível avançado, que manipulava a Natureza, os animais e o ser humano. Isto não me agradava muito, e eu sempre dizia que não queria fazer mal, que preferia ficar na Magia Branca e nunca sair disso. Mesmo se não houvesse mais nada que a Magia Branca pudesse me ensinar. E realmente, nunca saí disso. E hoje, com maiores conhecimentos de Magia, percebo quanto era ingênua, pois esse negócio de Magia colorida não existe. Magia é Magia. E só. É neutra. E se há uma coisa que tem cor é a vontade de cada pessoa, que pode se branca, cinza ou negra. É isso que, para mim, talvez fizesse a Magia ter cor.
Com 14 anos, quando fui para o Ensino Médio, meus estudos de Magia começaram a realmente evoluir. Eu conheci outras pessoas que também tinham interesse e a trocar idéias. Comprei uma agenda mística que foi muito útil para isso. Ela tinha assuntos sobre Horóscopo Chinês, explicações sobre as Eras, informações detalhadas sobre os Signos, um breve estudo de Runas e I Ching, Cromoterapia, e muitos outros. Sei muito pouco hoje das pessoas com quem eu conversava. Porém, não esqueço.
Mais para frente, duas colegas, G. e D. (acho que é melhor não citar nomes verdadeiros), estavam aprendendo a ler e tirar Tarot. Quem me ensinava era a G., cheguei iniciar meus estudos de Tarot e queria fazer meu o próprio. Contudo, acabei parando aos poucos.
Namorei um rapaz que há muito eu gostava. E ele também tinha gosto por Magia, mas com o tempo ia se tornando claro seu interesse por algo mais pesado. Nesta época que o namorei, tive muitos colegas e praticamente todos com gosto pela Magia. Essa foi uma das melhores e também piores épocas da minha vida. Acho que alguns deles chegaram se aproveitar da minha energia. Porém, acho que foi a época mais mágica da minha vida. Eu podia sentir a Magia explodindo de tudo ao meu redor. Acreditava em coisas que hoje não acredito. É como se uma história escrita baseada na realidade acabasse virando uma do tipo "Senhor do Anéis"! É claro que não tão mágica quanto...
Eu pequei ao falar abertamente às pessoas de onde moro sobre este meu grupo de amigos, sobre Magia, sobre essa mistura imaginada por nós (no caso eu e meu grupo, que não era bem um círculo de estudos), e revelar que eu era bruxa. Naquela época, eu não tinha me iniciado e sabia que ainda era inexperiente, mas já me considerava bruxa. Contudo, fofoca é vento que carrega poeira. Vi-me diante de uma terrível situação, todos já sabiam e muitos garotos quando eu passava gritavam "Bruxa!", "Satã!" e coisas parecidas. Quase chegaram a me machucar, querendo me bater ou apedrejar. E eu nunca tinha - como ainda hoje - feito nada de ruim.
Hoje em dia, não penso mais assim, embora eu tenha mais conhecimento. Não me considero mais bruxa porque sei que não vivo totalmente como uma (não que eu faça maldade, longe disso), além de ainda não ser iniciada. E só isso já basta para que eu não tenha o título.
Como todos já sabiam, obviamente minha família também. E tive problemas. Minha avó me pressionava, chegamos a brigar (como pode acontecer ainda hoje), ela sumia com livro ou revistas sobre o assunto (como também pode acontecer ainda hoje). Ela não aceita isso, porém quando nova era espírita. Atualmente, ela anda se agarrando a quase tudo depois que descobriu que estava com câncer de mama. Faz orações para Maria, vai aos terços (mas raramente à missa), se chamarem para ir para um culto, ela vai; e tem ido no Lar Frei Luiz, que é espírita. Eu já fui e é até agradável o lugar (como eu gostaria de fazer uma celebração wiccana lá...), mas como já disse, o Espiritismo não me enche os olhos. E penso: como é que alguém faz tudo isso, mas não aceita a Wicca? Acordei um dia com ela anotando coisas sobre cristais que passava na tv ensinando até a montagem de um altar que, embora usasse a imagem de Jesus, era claro o Misticismo e o traço de Bruxaria. Um dia desses, me indagou com uma pitada de preconceito "Você não está envolvida com Bruxaria não, né?". Essa semana mesmo, ela conversando com uma amiga falou que ela era mente aberta, aceitava tudo tanto que pudesse trazer algo bom - falou isso só por causa da sua doença. Não falei nada, mas a amiga dela deve ter percebido a minha cara de quem discordava.
Parei meus estudos por cerca de um ano e meio, quando comecei a namorar um rapaz evangélico. Quase havia me iniciado. Depois de minha parada, comecei a freqüentar a igreja que ele ia. Gostava de lá e cheguei a pensar em me batizar. Mas por alguns fatores, terminamos e então parei de ir. Além do mais, se minha avó soubesse, iria brigar comigo, dizendo que a minha religião é o Catolismo. E depois disso, também tive por um tempo meu momento ateu.
Acho que não tenho como fugir, nem se eu quisesse. Voltei para a Arte do jeito que eu sempre fui: apaixonada. Decidi voltar era no começo do ano de 2005 (ou foi 2004?) e desde então não parei mais. Não sou (ainda) iniciada. Quase não tenho prática, realizei, uma vez e sem êxito, um Glamour quando mais nova, e fiz uma torta mágica para trazer união há 2 anos atrás. Tenho muita cautela com a prática, pois não é brincadeira. Respeito e levo isso muito a sério. Mas acho que ter prática não é tão importante quanto ter cautela e responsabilidade. O que importa é que eu amo o caminho que escolhi, arcando com as conseqüências disso.
Isto tudo foi um resumo. Há muitas coisas que não estão aqui.
[Obs.: Atualmente, devo iniciar um círculo de estudos aqui na região onde moro, no Rio, mas preciso de ajudar, pode ser até online, de alguém que realmente saiba sobre, um verdadeiro mestre. Não é preciso participar das reuniões. É mais para evitar que haja erros na teoria e principalmente na prática.]
Assim seja...